O dia de ontem foi um marco na história brasileira! A tão esperada aprovação das vacinas foi concedida pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em caráter emergencial. Duas vacinas foram aprovadas: a Coronavac produzida pela empresa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo, e a de Oxford/AstraZeneca.
Qual a diferença entre essas vacinas? Bem a Coronavac é uma vacina produzida a partir do vírus SARS-CoV-2 inativado (morto). Sua produção consiste na replicação do vírus em VERO-E6 (células de rim de macaco) que possuem alta capacidade de replicação viral. Posteriormente os vírus são coletados e inativados com reagentes químicos, as últimas etapas consistem em purificação, concentração e esterilização. Embora ainda não tenhamos o resultado do estudo fase III no Brasil, os dados apresentados à ANVISA mostraram uma eficácia geral global de 50,39%. Além disso, a vacina evitou em 78% o desenvolvimento de casos leves e teve uma proteção total contra mortes de 100%. Nenhum efeito adverso grave foi reportado durante os ensaios fase I ou II.
A vacina da Oxford/AstraZeneca (ChAdOx1 n-CoV19) usa uma outra abordagem: uma parte do genoma viral é adicionada em um vetor de adenovírus de macaco. Um vetor funciona como um carreador, que uma vez dentro da célula, é capaz de expressar o gene de interesse. No caso da ChAdOx1 n-CoV19, o gene de interesse é o da proteína espícula, do inglês Spike. Uma vez que o Spike é produzido pelas nossas células o nosso organismo é capaz de desenvolver uma resposta imunológica contra o vírus selvagem e induzir uma resposta a longo prazo. Os resultados fase I/II e III mostraram que a vacina é segura e teve uma eficácia global de mais de 70%.
Embora os resultados sejam muito promissores, vale a pena lembrar que mesmo sendo vacinado não devemos abrir mão do uso de máscaras e do álcool gel. Essas medidas ainda serão importantes por um bom tempo. Importante lembrar que o vírus circula em pessoas e mesmo estando vacinado você ainda é capaz de transmitir a doença para pessoas que não tomaram a vacina ainda, ou que por algum motivo não podem ser vacinados, como é o caso de pessoas com deficiência no sistema imunológico e imunossuprimidas.
Referências
1. Development of an inactivated vaccine candidate for SARS-CoV-2. Science. 2020 Jul 3;369(6499):77-81. doi: 10.1126/science.abc1932. Epub 2020 May 6
2. Voysey et al. Safety and efficacy of the ChAdOx1 nCoV-19 vaccine (AZD1222) against SARS-CoV-2: an interim analysis of four randomised controlled trials in Brazil, South Africa, and the UK. Lancet. 2021 Jan 9;397(10269):99-111. doi: 10.1016/S0140-6736(20)32661-1. Epub 2020 Dec 8. Erratum in: Lancet. 2021 Jan 9;397(10269):98. PMID: 33306989; PMCID: PMC7723445.
3. Ramasamy et al. Safety and immunogenicity of ChAdOx1 nCoV-19 vaccine administered in a prime-boost regimen in young and old adults (COV002): a single-blind, randomised, controlled, phase 2/3 trial. Lancet. 2021 Dec 19;396(10267):1979-1993. doi: 10.1016/S0140-6736(20)32466-1. Epub 2020 Nov 19
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