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Aprender dói

Aprender dói
Adriana Taveira da Cruz Peres
dez. 18 - 3 min de leitura
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Você concorda que aprender dói?  Uma vez estava estudando na semana de carnaval, talvez tivesse uma prova (não tenho certeza), mas o fato era que estava mergulhada nos livros, enquanto na minha rua passavam os bloquinhos.

O dia estava lindo – sol, céu azul, pessoas se divertindo lá fora. Minha primeira dor: queria estar ali com os foliões. Queria ser foliona! Mas tinha que aprender algumas coisas. Não é fácil parar para estudar com tantas distrações no mundo, com tantas séries no Netflix.

A segunda dor vem do fato de que aprender obriga você a sair de um casulo. Você tem que se desprender da zona de conforto, e isso, meu caro, não é nada fácil.

De tanto estudar, já reconheço como o processo de aprendizado acontece em mim. O início é extremamente doloroso. Parto de uma desordem imensa: muitos textos, artigos e livros para pesquisar. Leio uma frase, e ela me conduz a mais textos, artigos e livros. É um oceano, em que me afogo sistematicamente quando me proponho a aprender. As ideias e conteúdos se embaralham em um processo de construção e ordenamento.

À medida que o tempo passa, e eu vou me aquietando, o conhecimento vai se organizando na minha cabeça. Até que depois de um grande esforço sinto que compreendi aquele turbilhão e, assim, me sinto o próprio oceano. É transformador o poder da aprendizagem.

Mas logo em seguida chega a  terceira dor. E ela vem do dilema de Sócrates. O famoso “só sei que nada sei”. Com esse sentimento de que não se sabe o suficiente, o processo de aprendizagem pode gerar bastante angústia. 

Por que resolvi escrever sobre isso? Porque acho que existe uma romantização no processo de aprendizado. Sou sincera ao dizer aos meus alunos que aprender dói. Para aprender você terá que fazer concessões, se dedicar, aceitar  que não dá para saber tudo e ter a mente aberta a desconstruir.

E como é difícil desconstruir. Às vezes leva gerações. Vide a Teoria da Abiogênese que perdurou por mais de um século. E nós queremos fazer isso em um piscar de olhos.

Ao reconhecer que para chegar do ponto A ao B a trilha é tortuosa, diferente para cada um e pode demandar muito tempo para percorrer, você pode se preparar melhor e, idealmente, sofrer menos. Nesse caminho, a paciência é crucial e a gentileza que devemos ter com nós mesmos também.

E o papel do professor? Não dá para ele caminhar do ponto A ao ponto B pelo aluno, mas ele pode acompanhá-lo, orientando e acolhendo. Como fazer isso? Não existe uma única resposta. Mas o diálogo para reconhecer quais são as dificuldades do estudante pode ser uma forma.

Por fim, proponho que você reflita para descobrir como se dá o seu processo de aprendizado. Compartilhe comigo. Quero saber das suas dores quando você se aventura a aprender.


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